Professor fez pós-doutorado nos EUA e deu curso na África a convite da ONU antes de morrer em acidente: ‘Estava na melhor fase’

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Luciano Fernandes Sousa era especialista em avaliação de alimentos para animais ruminantes, como bovinos, caprinos e ovinos. Viúva diz que Luciano prometeu que seria um cientista aos 13 anos, quando perdeu a mãe. Em novembro do ano passado, Luciano foi convidado para ministrar um curso na África
Arquivo Pessoal
Aos 13 anos, quando perdeu a mãe, Luciano Fernandes Sousa prometeu que seria um cientista. O tempo passou e ele se esforçou para cumprir a promessa. Se tornou pesquisador do CNPq, fez pós-doutorado nos Estados Unidos e foi convidado pela Organização das Nações Unidas para dar cursos e palestras na África. Muitos sonhos foram realizados antes da morte. No último sábado (16), o professor universitário andava em uma motocicleta quando bateu em um conteiner e não resistiu, aos 44 anos.
Luciano dava aulas para alunos do curso de zootecnia e medicina veterinária da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT). Além disso, era coordenador do programa de pós-graduação Integrado em Zootecnia nos Trópicos. Como pesquisador, deu contribuições valiosas para a ciência.
“Ele prometeu para a mãe dele que seria cientista. Ele já era cientista há muito tempo, mas ele só se consideraria como tal se conseguisse ser pesquisador do CNPq, que é um instituto que fomenta pesquisas no Brasil. E ele falava: ‘Eu vou tentar todo ano até aposentar, mas eu vou saber que eu tentei até o último minuto’”, relatou a viúva, Lorena Feitosa.
Fotos mostram casamento de professor um mês antes de acidente que o matou
Luciano conseguiu no ano passado. Aos tios que o ajudaram após a morte da mãe, ele fez questão de agradecer. “Ele mandou a mensagem: ‘Eu consegui, sou cientista, assim como eu falei para a minha mãe que eu iria ser’”.
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Antes disso, em 2020, Luciano saiu do Brasil para se especializar em outro país. Ele fez pós-doutorado no Centro de Pesquisa e Educação em Bovinocultura de Corte em Pastejo, da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos.
Em novembro do ano passado, embarcou para a África a convite da ONU para ministrar cursos e palestras na área do agronegócio. No país africano, conheceu pessoas e novas culturas, além disso, realizou mais um sonho de deixar um legado para a ciência.
Luciano fez pós-doutorado nos EUA, se tornou pesquisador do CNPq e viajou para a África, antes de morrer
Arquivo Pessoal
“Ele tinha realizado esse sonho, ele estava na melhor fase da vida dele em todos os aspectos, a época mais bonita da vida dele. No velório, as pessoas falaram que nunca tinham visto ele tão feliz como agora”, disse Lorena.
Luciano tinha mais de 100 artigos publicados e era apaixonado por pesquisas. Em entrevista ao g1, Lorena afirmou que fará questão de falar das contribuições que Luciano deu para a ciência. A intenção é inspirar pessoas através da trajetória de um homem, que ficou órfão de mãe muito novo e lutou para fazer a diferença na área da educação.
“Minha própria mãe não sabia da importância que Luciano tinha porque ele era humilde até demais. Eu tenho uma necessidade tão grande de falar dele, de as pessoas saberem como ele era, porque ele era diferente. Ele falava que tinha tudo o que ele tinha por causa da educação”.
Luciano contribuiu com a ciência e com a pesquisa no Brasil, antes de morrer em um acidente de trânsito
Arquivo Pessoal
O acidente
No último sábado (16), Luciano Fernandes trafegava por uma rua de Araguaína quando bateu em um conteiner ao se desviar de um carro. Um vídeo mostra a moto presa no equipamento de concreto. Segundo Lorena, após a batida, o marido não caiu. “Ele bateu e deu um pulo da moto, ele parou em pé. Não bateu a cabeça, mas bateu o pescoço e machucou a traqueia”.
Ele e a esposa ainda estavam em lua de mel, tinham se casado no dia 12 de agosto, 34 dias antes da colisão.
Lorena denunciou que o conteiner estava sem sinalização e que, se as regras para o uso do equipamento fossem seguidas, a tragédia poderia ter sido evitada.
“Eu vi o vídeo do acidente. Parou um carro, veio outro carro e não sobrou espaço, parece que o carro estava com a luz alta, deve ter cegado ele. O conteiner não era sinalizado, ele pensou que estava livre. Ele bateu de frente e não caiu da moto. A gente tinha tantos sonhos para realizar, se tivesse uma sinalização e ele estivesse desviado, seria uma coisa tão simples”.
A prefeitura de Araguaína informou que as equipes foram ao local do acidente na terça-feira e o contêiner havia sido retirado. E reforçou que há normas para a utlização desse equipamento nas ruas.
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Fonte: G1 Tocantins