O que se sabe sobre o arsenal apreendido durante operação contra comércio ilegal de armas

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Operação Clandestinos investiga o crime em Araguaína. Polícia Civil cumpriu mandados contra 14 pessoas, entre elas um militar. Armas apreendidas durante o cumprimento dos mandados
TV Anhanguera/Reprodução
A Operação Clandestino, deflagrada em Araguaína nesta quarta-feira (3), desarticulou um esquema de comércio ilegal de armas de fogo na cidade e está apurando a atuação dos investigados. Houve o cumprimento de mandados de prisão e buscas em diversos endereços.
Veja o que se sabe sobre a operação até o momento:
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Início das investigações
As investigações começaram em outubro de 2023, após um dos investigados registrar boletim de ocorrência pela internet sobre o furto de duas armas e munições. A Polícia Civil descobriu que não houve roubo e que a pessoa registrou o caso de forma falsa. Na realidade, as armas teriam sido vendidas no comércio ilegal.
Depois desse episódio, as equipes policiais conseguiram identificar mais registros de armas furtadas, que na verdade entraram no esquema de venda ilegal. O mesmo investigado também teria registrado outro boletim em 2022 por causa de uma arma roubada.
Ao investigar o celular do suspeito, a polícia descobriu que a arma roubada teria sido negociada por R$ 4 mil. Também foram identificados outros investigados que teriam feito negociações com armas de forma irregular.
Alvos
A Polícia Civil conduziu para a delegacia 14 pessoas. Entre os investigados estão o sargento da Polícia Militar (PM) Joemil Miranda da Cunha, que foi preso suspeito de estar envolvido no suposto esquema. As armas seriam de pessoas com registro de CAC (sigla para Colecionador, Atirador e Caçador).
Também estão entre os investigados um empresário e um agente administrativo do sistema penal. Houve ainda o cumprimento de mandados de busca e apreensão em vários endereços, incluindo clubes de tiros da cidade.
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Apreensão
Agentes da Delegacia de Repressão a Roubos (DRR – Araguaína) apreenderam pelo menos 14 armas de fogo de diversos calibres. Havia armamento pesado, pistolas, espingardas e centenas de caixas de munições.
Munições também eram vendidas de forma ilegal, segundo a PM
TV Anhanguera/Reprodução
A operação também apreendeu celulares, que vão passar por perícia e quebrou o sigilo bancário dos investigados. Os extratos bancários e documentos serão analisados em nova etapa da investigação.
Militar preso
O sargento da PM Joemil Miranda da Cunha foi um dos presos na Operação Clandestinos nesta quarta-feira. Ele é concursado desde 2006 e recebe R$ 10.667,73. Nas redes sociais, ele diz que é diretor de 18 clubes de tiros.
Joemil está em uma unidade da PM de Araguaína. O advogado de defesa do sargento, Paulo Roberto, disse que aguarda a conclusão dos trabalhos da polícia para emitir um posicionamento.
Sargento da PM, Joemil Miranda da Cunha, diz ser diretor de 18 clubes de tiros
Reprodução/Redes Sociais
“A prisão do sargento para nós é uma incógnita porque nós precisamos ter conhecimento da infração e tudo está sendo feito de forma sigilosa e assim que baixar o sigilo para a defesa nós vamos informar a imprensa da nossa opinião com relação a essa investigação”, disse.
Troca de áudios
Nas investigações sobre o registro de boletins de ocorrências falsos, a polícia teve acesso a áudios em que investigados falavam como faziam o esquema. Uns demonstravam temer que tudo fosse descoberto e outros acreditavam que nada aconteceria.
“Diz que vão pra poder pedir não sei o que […] para ver se acha as imagens para ver se vê o ladrão.” (sic), disse um deles.
Trecho dos áudios investigados pela polícia
Divulgação
Outro suspeito respondeu: “O meu Deus do céu. Tão muito interessadinho. Sai fora! Dá em nada não. Falei que isso não ia dar em nada”. “Medo de quê moço, acalme seu coração. Medo de quê? Dá nada, pô…”.
Autorização para mandados
A Justiça autorizou o cumprimento dos mandados de prisão e de buscas nos endereços dos investigados na terça-feira (2). O juiz Antônio Dantas de Oliveira Júnior, da 2ª Vara Criminal de Araguaína, considerou que o crime colocou sob risco a ordem pública “em face da periculosidade dos agentes, o que se inferido “modus operandi” adotado, revelando a gravidade concreta da ação criminosa que protagonizou, indicando a maior reprovabilidade de suas condutas”, disse em trecho da decisão.
Veja nota da PM na íntegra:
A Polícia Militar do Tocantins informa que foi cientificada sobre a prisão de policial militar, após este ser ouvido na Operação Clandestino, realizada pela Polícia Civil.
A Corregedoria da Instituição acompanha e apoia a operação desde a manhã de hoje, quando foi cumprido mandado de busca e apreensão. Desde então foram adotadas as medidas preliminares para apuração interna e prestandas todas as informações necessárias à Polícia Civil.
O policial militar permanece preso em uma Unidade Policial Militar na cidade de Araguaína e à disposição da justiça.
A Polícia Militar reafirma à sociedade seu compromisso com a legalidade e imparcialidade, bem como reitera não coadunar com posturas incompatíveis com a nobre função pública.
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Fonte: G1 Tocantins