Ilê Aiyê manifesta orgulho negro ao cantar antigas e novas músicas em show no festival Radioca

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Iana Marucha, vocalista do grupo Ilê Aiyê, no palco do sexto festival Radioca
Rafael Passos / Divulgação Radioca
♪ SALVADOR (BA) – Quando deu voz ao samba-reggae O mais belo dos belos, medley que junta A verdade do Ilê (Guiguio) e O charme da liberdade (Valter Farias e Adailton Poesia) e que foi lançado por Daniela Mercury há 30 anos no álbum O canto da cidade (1992), a vocalista Iana Marucha atualizou os versos “Dezoito anos de glória não / São dezoito dias” para o público que assistiu ao show do grupo Ilê Aiyê no primeiro dia da sexta edição do festival Radioca na noite de ontem, 12 de novembro.
Em vez de 18 anos, a cantora de voz calorosa lembrou ao cantar a música que já são 48 anos de vida desse bloco afro fundado em 1º de novembro de 1974 no Curuzu, na Liberdade, bairro negro da capital da Bahia.
A apresentação do Ilê Aiyê aconteceu em um dos dois palcos armados na Fábrica Cultural, no bairro da Ribeira, em Salvador (BA), para sediar o sexto Radioca, festival de médio porte já tradicional no calendário cultural da cidade.
Com dois vocalistas e sete ritmistas, o grupo Ilê Aiyê manifestou orgulho negro no discurso politizado de repertório que entrelaçou músicas novas e antigas em show marcado pela beleza colorida dos figurinos, pela força ancestral dos tambores – que pulsaram no ritmo recorrente do samba-reggae – e pela expressividade da dança coreografada com afro-baianidade.
Em roteiro autorreferente, o grupo recorreu a sucessos propagados na voz de Daniela Mercury, principal voz difusora do repertório do Ilê Aiyê fora das fronteiras da Bahia. Iana Marucha também cantou Por amor ao Ilê (Guiguio, 1994) e o mash up com Ilê pérola negra / O canto do negro (Guigio, René Veneno e Miltão, 2000), além do samba-reggae Negrume da noite (Paulinho do Reco e Cuiuba, 1989), propagado por Margareth Menezes em escala nacional.
Na música que promoverá no Carnaval de 2023, novidade do roteiro, o Ilê Aiyê reforçou no refrão a beleza e o poder do cabelo do povo negro, mostrando coerência com a ideologia política que norteia o bloco afro – base do grupo – desde a fundação e ao longo desses 48 anos de glória no Carnaval da Bahia.
♪ O colunista e crítico musical do g1 viajou a Salvador (BA) a convite da produção do festival Radioca.
Integrante do Ilê Aiyê encanta o público do sexto festival Radioca com a beleza das danças do grupo afro de Salvador
Rafael Passos / Divulgação Radioca

Fonte: G1 Entretenimento