Como funk erótico ‘Dingo Bell’ virou hit natalino e causa climão familiar em pegadinha viral

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Ao g1, MC Teteu conta que é evangélico e quer migrar para o gospel no futuro: ‘Se Deus quiser, eu vou estar louvando ao Senhor, porque esse é meu propósito’. Numa sala de estar, um jovem observa a família reunida enfeitando uma árvore de Natal. Pega o celular que está conectado à TV e dá play em “Dingo Bell Sou Seu Papai Noel”. Ninguém lhe dá bola. Quando o refrão chega, porém, todos se viram para ele, com olhos arregalados.
Com mais de 1,4 milhões de curtidas no TikTok, o vídeo replica uma pegadinha que, desde 2019, viraliza na época de festas de fim de ano: jovens gravam a reação de seus avôs, avós, mães, pais, tias e tios em choque com os versos do maior hit de MC Teteu.
“Seu presente é piroca e ela caiu do céu / 50% açúcar, 50% mel”, canta o funkeiro, que lançou a música em 2019, aos 14 anos.
‘Trollagem’ de Natal viraliza nas redes sociais
Produzida por DJ Perera, “Dingo Bell” é um funk de batidas lentas, agudos de xilofone e versos de putaria. A letra nasceu a partir de uma composição do irmão de Teteu, Bruno Correa da Silva, em 2010.
“Vários empresários vieram atrás de mim”, conta Teteu sobre a viralização de um vídeo em que ele canta a música, num salão de beleza, quatro anos atrás.
Após a repercussão, a GR6, maior produtora de funk no país, convidou o adolescente para integrar seu time de artistas. Ele topou e, pouco tempo depois, gravou o videoclipe do hit.
Nele, o MC aparece em meio à neve, usa óculos juliet e está rodeado de mulheres — ora vestidas de Mamãe Noel sexy, ora de dançarinas sensuais.
MC Teteu em cena do clipe ‘Dingo Bell’
Divulgação
Versão light com beijoca
Teteu não foi o primeiro funkeiro dessa faixa etária a cantar sobre sexo. MC Pedrinho, por exemplo, havia despontado em 2014, aos 12 anos, com “Dom Dom Dom”, cuja letra fala de uma “novinha” que faz “um boquete bom”.
Mesmo assim, o videoclipe de “Dingo Bell” traz outra versão da música. Em vez de “piroca”, o Papai Noel da letra light oferece “beijoca”.
Cena do videoclipe ‘Dingo Bell’, do MC Teteu
Divulgação
Segundo a produtora, a mudança foi para tornar a música “mais comercial” e por Teteu “ser menor de idade na época”. Nas plataformas, ambas versões estão disponíveis, sendo a erótica mais famosa.
“Estourou muito rápido, e eu era muito novo”, diz o MC. “Estava no 9º ano da escola. Deus me colocou no funk. Foi muito normal. Meus amigos sempre me apoiaram. Algumas pessoas pediam para tirar foto comigo. Eu ficava muito feliz.”
O MC conta que, na época, sua mãe teve receio. Não gostou da ideia de ele entrar para o chamado “funk putaria”. Mas não demorou muito para começar a apoiá-lo.
“Ela super acreditou em mim, sabe? Mesmo a gente sendo evangélico”, conta Teteu. “O funk mudou a minha vida e vai mudar muito mais.”
O cantor MC Teteu
Divulgação
Playlist da ceia de Natal
Indo contra a alas mais conservadoras da fé evangélica, o músico rebate estereótipos e critica a ideia de que erotismo não combina com religiosidade.
“As pessoas julgam muito, mas Deus conhece o coração de cada um. Sempre cantei em igreja. Mudei para o funk, mas Deus vai estar sempre comigo, então, não ligo para esse tipo de comentário.”
Teteu diz ainda que “Dingo Bell” já virou uma tradição nas ceias de Natal de sua família, que, assim como ele, é toda evangélica. Nem mesmo os versos explícitos causam climão, garante ele, rindo com timidez.
“A gente canta esse funk mais sensual, mas é de coração”, afirma Teteu. “Muitas pessoas têm preconceito, mas canto aquilo que vivo e não vivo. Música é arte. A gente canta o que gosta.”
MC Teteu
Divulgação
Cantar para Deus
Entre os lançamentos recentes do artista, há “Tá Bombando”, faixa em que ele divide o vocal com os MCs Luiggi e Silvia, sob um sample de um dos maiores clássicos do funk ostentação, da dupla Samuka e Nego.
Já “Netflix Filminho na Tela” traz batidas mais lentas e uma letra de sofrência amorosa repleta de tesão: “nós dois de conchinha/ eu olhando essa maquinha/ eu sou sortudo pra caralho/ só eu fodo essa bocetinha/ que falta faz aquele seu carinho/ chupava a minha rola direitinho.”
Em músicas mais antigas, ele também passeia por outras vertentes do funk, como o proibidão, em “Sarra na Glock”.
Ainda assim, Teteu não quer ficar para sempre no gênero. Seu desejo, ele diz, é migrar para o gospel.
“Se Deus quiser, eu vou estar louvando ao Senhor, porque esse é meu propósito”, afirma ele. “Hoje, eu canto é essas músicas, mas, futuramente, quero mesmo cantar para Deus, tocar o coração das pessoas. Quando eu ficar estruturado com o funk, que sou muito grato, vou cantar para Deus e salvar várias almas aí.”

Fonte: G1 Entretenimento