Bolsonaro janta com embaixadores árabes para evitar boicote à carne; crise preocupa o Tocantins

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ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o presidente Jair Bolsonaro vão se reunir com 51 embaixadores de países árabes e mulçulmanos nesta quarta-feira, 10, num jantar na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A informação é do site do jornal O Estado de S.Paulo.

Conforme o jornal, o jantar é tido como um esforço para conter uma possível retaliação comercial dos países árabes ao Brasil após nova orientação pró-Israel do governo Bolsonaro, que incluiu uma viagem do presidente ao país na semana passada e o anúncio de um escritório comercial do Brasil em Jerusalém.

O Brasil é o principal exportador de proteína bovina para o mercado árabe do mundo. A carne Halal envolve a criação e o abate de animais sem sofrimento, seguindo os preceitos da religião muçulmana. Nos frigoríficos certificados por religiosos muçulmanos, as linhas de abate, por exemplo, estão voltadas para a Meca.

No entanto, desde que a ideia da mudança da embaixada de Tel-Aviv para Jerusalém surgiu, ainda no governo de transição, representantes do mundo árabe disseram que poderia haver boicote aos produtos brasileiros. 

O Estadão, a ministra Tereza Cristina minimizou o impacto e afirmou nessa terça-feira, 9, que, por enquanto, Bolsonaro anunciou apenas a abertura de um escritório de negócios em Jerusalém, mas admitiu que a intenção gerou um estremecimento com a região. “Vamos realizar esse encontro para mostrar que o Brasil é um país amigo e confiável para eles”, disse.

Possível prejuízo ao Tocantins
O tema interessa ao Tocantins, já que o Estado tenta estreitar o relacionamento com o mundo árabe. Em sua participação no quadro “Entrevista a Distância”, no dia 3, o secretário estadual da Agricultura, Pecuária e Aquicultura (Seagro), César Halum, revelou que a proposta de Bolsonaro de abrir o escritório de negócios em Jerusalém já coloca em risco projetos do governo Mauro Carlesse (PHS) com os países árabes.

Halum contou que, como deputado, presidiu durante três anos o Grupo Parlamentar Brasil-Países Árabes, da Câmara Federal. “Me relacionei bem com todas as embaixadas, principalmente com as dos países muçulmanos, que são os maiores compradores do Brasil”, afirmou o hoje titular da Seagro.

Ele disse que havia algumas tratativas que estavam bem avançadas com os árabes, inclusive, com carta de intenção já assinada com governo do Tocantins para que Estado pudesse ser o centro de produção de produtos Halal. “Nós poderíamos ser um grande mercado mundial. Mas estamos preocupados porque esperávamos agora na Agrotins anunciar alguma coisa efetiva dessa relação com o mercado árabe”, revelou, sobre a 19ª da Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins (Agrotins), prevista para acontecer entre os dias 7 e 11 de maio.

Segundo ele, uma proposta seria a criação de um fundo agrícola para financiar produtores a aumentar a área plantada e a produção dentro do Tocantins. “Mas essa relação hoje do governo brasileiro com os países árabes e com Israel tem nos trazido preocupação, não só ao Tocantins, como a todo o Brasil”, lamentou Halum.

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