Fragmentos de uma história de lutas e Siqueira nela: uma bela homenagem, em vida

0
416

A perspectiva histórica da vida e dos fatos é uma coisa curiosa. Enquanto os dias passam e vamos registrando os acontecimentos – especialmente, nós, jornalistas – não temos a gravidade do tempo. Nem a noção de que estamos de certa forma, registrando a história.

A grande verdade é que não existe a história sem as pessoas como protagonistas dela. E particularmente sobre o Tocantins e a nossa história aqui nos últimos 30 anos, o fato é que não dá para contar a história do Estado sem falar dele: José Wilson Siqueira Campos.

É desta história que boa parte da juventude tocantinense desconhece, que José Wagner Praxedes falava ontem aos editores dos principais veículos de comunicação do Estado, num encontro durante a tarde no “Por que Café?”, um espaço charmoso, da também jornalista Valéria Kurowski.

Ao lado do arquiteto José Eduardo Rodrigues curador da exposição que pretende resgatar a linha do tempo da história do Estado desde os idos de 1700, época da colonização, Praxedes, que é velho amigo de Siqueira contou dos desafios de montar uma exposição.

Em suas andanças pelo mundo, visitou nos Estados Unidos uma exposição sobre Abraham Linconl, baseada no pensamento de Linconl.

No caso de Siqueira, a exposição trará o título “Siqueira Campos – Um Estadista do Setentrião Goiano ao Tocantins”.

A história começa lá atrás e fala da Theotônio Segurado e Lysias Rodrigues. Conta do anseio pela libertação do Norte, chegando à década de 1970. É uma exposição fotográfica que contará também com a exibição de dois materiais em áudio visual.

Um deles, o documentário dos 10 anos do Tocantins, produzido pela TV3 e dirigido pelo publicitário Marcelo Silva.

Outro, uma entrevista de Siqueira Campos para a Assembléia Legislativa de Goiás, sobre o movimento separatista, e a criação do Estado.

Não se trata de uma incursão na política do Estado, mas uma mostra para as novas gerações e também para os que não vivenciaram os principais capítulos desta história, de como foi todo este sonho.

Catalizador dos ideais de um povo nortista, Siqueira se fez tocantinense. Encampou a luta e deu voz punjante a ela. Nem seus históricos adversários podem contestar que Siqueira nasceu para fazer acontecer boa parte desta história.

É inegável também que viveu e tenha vivido ainda hoje movido por um grande sonho e pelo ideal do que é e do que ainda poderá ser o Tocantins.

A exposição, que só acontece pela disposição e insistência do grupo de amigos que José Wagner (como lhe chama o amigo) conseguiu reunir, começa dia 14 de março, com lançamento às 19h 30, no Memorial Coluna Prestes.

Ela seguirá itinerante por escolas, visitará as principais cidades do Estado para ao final, ser recolhida, possivelmente no Palacinho.

Para receber a exposição, o Memorial precisou de reparos. Praxedes foi ao governador Mauro Carlesse pedir que o governo fizesse esta parte, no que foi prontamente atendido.

Ao Tocantins tem faltado preservar sua história, que já é imensa, mesmo num espaço de tempo tão curto.

Sai ontem do “Por que Café?”, caminhando pelas vias sombreadas da antiga Arse 21, cheia de memórias e com a alma inundada por um saudosismo dos tempos que vivi aqui desde minha chegada ao Estado, que em abril completa 28 anos. Vinha pensando no quanto temos ainda a resgatar da história do Estado, escrita e vivida por pessoas que também muito contribuíram para que chegássemos onde estamos. Não só a história como espaços, a exemplo do Palacinho e da antiga sede da Assembléia Legislativa, tão carentes de cuidado e revitalização.

No caso de Siqueira, é uma alegria que seu nome e sua história sejam colocados no devido lugar.

Reconhecer em vida sua estatura e seu valor é a melhor das homenagens.

t1 noticias